Os fundadores da Fazenda da Esperança Frei Hans Stapel e Nelson Giovanelli continuam em missão na África para celebrar os 40 anos da nossa obra social. Entre os compromissos que compõem a agenda da viagem estão um retiro e um grande evento na fazenda masculina de Zóbuè, em Moçambique, que também compõe o Santuário Diocesano.
Desde o fim de semana, já houve a inauguração de duas fazendas no país, sendo uma masculina e outra feminina. Nesta penúltima ação, os fundadores ministraram palestras para jovens líderes das paróquias. Na sequência, o segundo Centro Infantil Chitaitai foi inaugurado oficialmente. Nelson teve, ainda, a experiência de subir o topo de uma montanha junto aos peregrinos, uma ação emocionante em devoção à Nossa Senhora, que é relatada no texto a seguir:
Às quatro horas da manhã, me levantei para subir a montanha com todos os peregrinos e o bispo em direção à capelinha e a cruz onde eles param para rezar o terço e pegar uma pedrinha do local. Por sorte, quando estava saindo da casa, me encontrei com o Estevam, responsável, angolano, que veio pegar a chave da capelinha onde os peregrinos visitam uma imagem de Nossa Senhora e depositam uma oferta.
Quando saí, já se podia ver ao longo da subida uma quantidade enorme de luzes de velas acesas iluminando o caminho de
acesso a esse alto do monte. Foi uma providência ter encontrado o Estevam que me ajudou a conseguir chegar até o cimo. Quase não consegui. As forças físicas estavam chegando ao fim e se eu parasse não seria mais possível acessar a capelinha porque a multidão dos 3000 peregrinos já se apinhavam para passar pela capelinha e abraçar a cruz.
Um fenômeno devocional indescritível. Era tocante estar e passar do lado de tantas mãezinhas e senhoras até idosas que com muito esforço subiam essa estrada cheia de pedras , mas preparada pelos meninos da Fazenda. Quando cheguei lá assisti uma cena incrível de fé observando cada peregrino e peregrina que passavam em frente da capelinha, faziam uma oração rápida, pegavam uma pedrinha e deixavam uma pequena oferta. Dois dos meninos da Fazenda montaram guarda em frente da capela para orientar o povo que não parassem, mas seguissem adiante para dar a vez para outros. Me fez lembrar o Santo Sepulcro em Jerusalém que tem a mesma dinâmica de visitação.
Se consegue subir em meia hora se não se para. Por isso, cheguei quando ainda estava escuro, por volta das 04:45, meia hora depois, chegou o Dom Diamantino e logo começou a rezar o terço com o povo. Em seguida, ele começou a fazer um pouco de catequese e pediu também que eu e outros padres falassem o que era Maria para nós. Falei da experiência que vivemos de ser outra Maria dando Jesus ao mundo. Assim que clareou o dia, o bispo chamou a todos para voltarem por causa da missa de encerramento da peregrinação que deveria começar às 08:00. Antes, porém, ele me mostrou o lugar de uma das cruzes que se encontra deitada.
Estava rodeada de peregrinos que a abraçavam e faziam sua devoção. Ali ele mais uma vez contou o fato em que, segundo ele, milagrosamente o Ildo foi salvo de um acidente por causa de uma pedra que acidentalmente foi arremessada em sua mão e acabou não acontecendo nada. Na descida, tive a oportunidade de ir conversando com ele sempre ao lado do povo que descia junto conosco e nesta ocasião ele manifestou a preocupação que um dia a Fazenda pudesse enviar um sacerdote para ajudar neste trabalho Pastoral do Santuário e também da Fazenda. Já existe a comunidade Canção Nova numa paróquia próxima da missão , mas ele ficaria mais tranquilo se nós tivéssemos um padre também.
Quando voltamos, foi o tempo de tomarmos café e dar início a missa de encerramento que durou exatamente quatro horas. Ele pediu que o frei fizesse a homilia para os 3000 peregrinos que lotaram o pátio da Fazenda ou Santuário. O frei falou de forma muito ungida dividindo seu sermão em três ideias fundamentais: Deus me ama imensamente, eu posso amar e abraçar a cruz!
Suas palavras caíram em terreno sedento. Havia grande quantidade de padres. Um deles, responsável pelos serviços da Nunciatura fez questão de agradecer pessoalmente por suas palavras. Um empresário que estava presente, depois procurou o Ildo e decidiu fazer a pergunta sobre a necessidade principal da Fazenda. O Ildo comentou que gostaria de melhorar as instalações do Santuário. Ele decidiu então dar 100 sacos de cimento. Ficamos também tocados com o ofertório que durou mais de meia hora. O costume é que além do dinheiro eles deem víveres e outros presentes. Uma comunidade decidiu dar até uma cama de casal. Foi uma sensação assistir esse momento.
Assim que terminou a missa, o bispo ainda passou no meio do povo aspergindo água benta especialmente por causa daquelas pedrinhas que os peregrinos pegaram no monte. Em pouco tempo a Fazenda/Santuário estava vazia. Todo o povo pegou o caminho de volta para casa, alguns com sete a oito horas de viagem . O bispo e padre Paul Anton ficaram conosco. Também ficaram um grupo de 100 jovens, representantes líderes das diferentes paróquias para um retiro de formação
de quatro dias aqui na Fazenda acompanhados por padres e religiosas responsáveis pela pastoral da juventude da diocese. Era bonito ver como o bispo convive entre nós como um irmão e a energia que ele tem durante todos esses dias.