Em dezembro, celebramos o Natal do Senhor, uma festividade que tem muitos significados. Para o comércio, é uma época forte de vendas; para as empresas em geral é uma época de balanços e confraternizações; para os estudantes é período de férias e descanso.

De modo especial, para os cristãos, é uma celebração que nos recorda o nascimento de Jesus, sua encarnação plenificada, Jesus feito carne numa realidade muito pobre, num estábulo, em meio aos pastores e animais. Em 1223, São Francisco de Assis teve a inspiração de reviver essa cena. Na cidade de Greccio, na Itália, foi feito o primeiro presépio, cena que até hoje repetimos em nossas paróquias e casas.

Segundo Pe. João Paulo Piller, da Paróquia Bom Pastor, de Mandaguari (PR) e diretor espiritual da Fazenda da Esperança São Sebastião, em Jandaia do Sul (PR), a simplicidade do nascimento de Jesus nos ajuda a reconhecer a pequenez de Deus que se faz homem. “É um ambiente que ninguém pensaria que Deus habitasse, mas é ali que Deus visita com a sua presença santificadora. É ali que Maria encontra um espaço para se dar a luz Àquele que é a luz da luz. É nessa simplicidade e humildade que somos chamados a viver e praticar as boas obras, a sensibilidade, um estilo de vida que não precisa ser grandioso, majestoso, todo cheio de glórias e esplendor, mas seja, primeiro de tudo, humilde e simples. Pois foi assim que Deus veio nos visitar”, explica.

Para Pe. João Paulo, a celebração do Natal tem uma característica em comum com a Fazenda da Esperança: o retorno à simplicidade e ao acolhimento. “A Fazenda da Esperança é uma obra que oportuniza um espaço de acolhida. Nas Fazendas de todo o mundo habita a simplicidade e o espírito de acolhida, local com as porteiras abertas, onde mora a Esperança. Para cada pessoa que se aproxima de uma Fazenda da Esperança e lá começa a dar passos, torna-se um momento singular em suas vidas, pois ali encontrará a espiritualidade, a pessoa do Cristo, o auxílio do Espírito Santo e reconecta-se com o próprio Pai Criador”, afirma.

Para o diretor espiritual da Fazenda de Jandaia do Sul, um dos aspectos importantes do Carisma da Esperança está na acolhida e no encontro com Jesus Abandonado que se revela nos acolhidos e acolhidas que se recuperam de seus vícios. “Através do acompanhamento espiritual, a pessoa pode encontrar consigo mesmo e ressignificar suas dores e suas feridas. Portanto, tudo aquilo que a Fazenda da Esperança faz precisa ser sempre com muito amor, pois somos instrumentos de Deus na vida das pessoas que se aproximam. De cada Jesus Abandonado que entra por aquela porta aberta, precisamos ter consciência que Deus conta conosco para acolher, cuidar, amar. Mesmo que, por muitas vezes, nas misérias e dificuldades que o acolhido traz torna-se difícil acendermos a esperança e enfrentarmos essas misérias e limites com caridade”, afirma o religioso.

Para Pe. Piller, a celebração do Natal do Senhor é uma oportunidade de recuperar a esperança e nos aproximarmos de Deus e dos irmãos. “A experiência de viver o Natal é recordar que Deus nunca abandonou o seu povo e envia o seu filho único para nos visitar, para caminhar conosco. Por isso, quando tivermos a nossa dor, o nosso sofrimento, o nosso momento mais difícil, recordemos que temos um Deus conosco, o Emmanuel, o filho do Deus vivo, que veio para ser canal de graça, fonte de esperança. Diante de toda a dificuldade e sofrimento que estamos passando, Deus quer nos levantar e, por isso, enviou seu Filho, que traz a luz necessária e a força do alto”, conclui.

“Tu vens, eu já escuto os teus sinais”

Um dos diferenciais da Fazenda da Esperança está na acolhida de mães com seus filhos ou gestantes. É o caso de Isabele Ferreira Costa, de Belo Horizonte, que chegou na Fazenda Mãe da Esperança, em Guaratinguetá (SP), em setembro de 2024.

Isabele relata o que sentiu quando descobriu sua quinta gestação: “Foi uma surpresa porque fiz todos os exames e nenhum profissional de saúde apontou que eu estivesse grávida. Vejo Deus nessa situação, pois se eu soubesse que estava gestante quando estava no vício talvez eu nem teria procurado ajuda”, afirma.

Residindo na Casa Irmã Bernardete, onde vivem as mães com seus filhos, a recuperanda de 34 anos passa por uma gravidez de alto risco, por já ter tido pré-eclâmpsia nas outras gestações e por já ter infartado. Por isso, não consegue ajudar muito nos trabalhos da casa,  mas se sente muito cuidada pelas colegas. “Estou amando tudo, sempre fui muito carente de afeto, nunca tive isso na minha família e aqui tenho tudo o que não tive com a minha família. Sou muito grata à Fazenda da Esperança por tudo aquilo que eles estão me oferecendo, não tenho nenhuma ajuda de fora, sou órfã de pai e mãe, mas aqui não me falta nada. Sou muito grata, não só pelo acolhimento que recebi, mas por me fazer sentir uma pessoa importante, algo que não me sentia lá fora, pelo carinho e cuidado que tenho aqui”, relata.