“Que o amor fraterno vos una uns aos outros, com terna afeição, estimando-vos reciprocamente.” (Rm 12,10)
A Palavra de Vida deste mês foi extraída da riquíssima Carta do Apóstolo Paulo aos Romanos. Ele apresenta a vida cristã como uma realidade em que o amor é superabundante, é um amor gratuito e sem limites, que Deus derramou em nossos corações e que, da nossa parte, nós doamos aos outros. Para tornar mais eficaz o seu significado, Paulo insere dois conceitos em uma única palavra, filostorgos, englobando duas características especiais do amor que distinguem a comunidade cristã: o amor entre amigos e o amor típico dos membros de uma família.
“Que o amor fraterno vos una uns aos outros, com terna afeição, estimando-vos reciprocamente.”
Vamos refletir de modo especial sobre o aspecto da fraternidade e da reciprocidade. Como escreve Paulo, os que pertencem à comunidade cristã se amam porque são membros uns dos outros, são irmãos que têm o amor como única dívida, alegram-se com os que se alegram e choram com os que choram, não julgam e não são motivo de escândalo.¹
A nossa existência está intimamente ligada à dos outros, e a comunidade é o testemunho vivo da lei do amor que Jesus trouxe à terra. É um amor exigente que chega ao ponto de cada um dar a vida pelos outros. É um amor concreto, embelezado por mil expressões, que só quer o bem do outro, a sua felicidade. Esse amor faz os irmãos atingirem sua plena realização, leva-os a competir em valorizar as qualidades uns dos outros. É um amor que está atento às necessidades de cada um e faz de tudo para não deixar ninguém para trás, que nos torna responsáveis e atuantes no âmbito da vida social e cultural, no compromisso político.
“Que o amor fraterno vos una uns aos outros, com terna afeição, estimando-vos reciprocamente.”
“Observando ainda as comunidades do primeiro século vemos que o amor cristão, que se estendia indistintamente a todos, tinha um nome: era chamado de filadélfia, que significa amor fraterno. Na literatura leiga da época esse termo era usado para indicar o amor entre irmãos de sangue. Não se usava nunca para indicar membros de uma mesma sociedade. Só o Novo Testamento fazia exceção.”
LUBICH, Chiara, Chiara aos gen, São Paulo: Cidade Nova, 2016, p. 68
Hoje são muitos os jovens que manifestam a exigência de estabelecer “um relacionamento mais profundo, mais sincero, mais verdadeiro. E o amor recíproco dos primeiros cristãos tinha todas as qualidades do amor fraterno como, por exemplo, a força e o afeto”².
“Que o amor fraterno vos una uns aos outros, com terna afeição, estimando-vos reciprocamente.”
Uma característica que distingue os participantes dessas comunidades nas quais se vive o amor mútuo é que eles não se fecham no próprio grupo, mas estão dispostos a enfrentar os desafios reais que surgem no contexto no qual eles atuam.
Na Sérvia, um amigo nosso de nacionalidade húngara, pai de três filhos, conseguiu finalmente comprar uma casinha. Mas, devido a um contratempo, não teve recursos econômicos nem físicos para fazer sozinho a reforma necessária. Então a comunidade dos Focolares tomou a iniciativa de ajudá-lo, colocando em prática o projeto Dare to Care³ proposto pelos Jovens por um Mundo Unido.
Ele fala com entusiasmo da campanha de solidariedade que começou a apoiá-lo concretamente: “Foram muitos os que vieram para me ajudar. Em três dias conseguimos reformar o teto e substituir os forros de palha e barro por gesso cartonado”. Algumas pessoas da República Tcheca também contribuíram financeiramente para as obras de reforma. Foi um gesto que mostrou o quanto a comunidade se estende, até para além das fronteiras.
Extraído e adaptado do artigo “Serbia: costruire una casa, per essere casa” (“Sérvia: construir uma casa, para ser casa”
Patrizia Mazzola
1) Cf. Rm 12,5.13,8.12,15.14,13
2) LUBICH, Chiara, Chiara aos gen, São Paulo: Cidade Nova, 2016, p. 68.
3) Dare to Care = Ousar cuidar.
Fonte: Movimento dos Focolares